sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

PMS vão pagar multas das viaturas


Por determinação do comando da PM do Rio de Janeiro, policiais militares devem ser responsabilizados por multas de trânsito cometidas durante o patrulhamento. No mínimo, daqui em diante vão explicar os motivos pelos quais fizeram uma manobra proibida, atravessaram um sinal vermelho ou mesmo quando a viatura for fotografada por um radar em velocidade superior à permitida. Tenho que tal determinação deve ter ocorrido como prêmio à toda a tropa, em função da exemplar conduta do Batalhão de Choque, reprimindo a manifestação de funcionários públicos em frente à Assembleia Legislativa.

Como frisei em texto anterior, militares são proibidos de pensar, pois, se assim o fizessem, a história seria outra. Mesmo assim, resolvi dar uma ajuda. Ao receberem uma multa para pagar do próprio bolso, antes de tudo questionem o seguinte: qual a empresa responsável pelo radar? Quem são os seus sócios? Quanto fatura esta empresa com as multas? Onde está o edital da contratação desta empresa? Quanto faturou a empresa no ano anterior? Do valor faturado, quando foi destinado à educação no trânsito, conforme estipula a lei? O radar está devidamente aferido? Como ocorreu tal aferição?

E não é só isso. Já disse e tenho certeza que pensar não é o forte dos militares, principalmente quando sua atividade é exclusivamente civil, ou seja, o policiamento ostensivo, o que não guarda nenhuma semelhança com o militarismo para defesa do país. Procurem saber como as viaturas foram compradas. Vocês, que se encontram na linha de frente no combate ao crime, foram perguntados sobre as aquisições das viaturas? Eram viáveis? Eram refugos na linha de montagem dos fabricantes, que enviaram seus altos funcionários para negociar a venda para o governo, e tudo terminou muito bem, sem ao menos saber a opinião de quem iria usar? O que aconteceu nessas negociações?

Tempos atrás, recebi algumas notificações para explicar o motivo pelo qual cruzei a Ponte Rio-Niterói a mais de 190km por hora; por que passei no Aterro do Flamengo, em um sábado de sol, às dez da manhã, conduzindo uma viatura não ostensiva, em uma velocidade superior a 160km por hora. Coloquei as notificações sobre minha mesa, abri uma cerveja e comecei a escrever. Depois de uma hora, desisti. Peguei a notificação, com capa e tudo, enrolei e fiz um tubo de papel. Resolvi que o melhor era esperar a cobrança e, quando esta chegasse, iria até o responsável e, depois de explicar o que estava fazendo, aí sim daria destino àquele tubo de papel, e seria com raiva. Minha vantagem seria dizer para ele que naquele dia, um sábado ensolarado, deixei de ir à praia e encontrar com amigos para correr muito atrás de provas para identificar os autores do covarde assassinato de uma juíza em Niterói. Infelizmente, até hoje as notificações, os processos, como se diz, estão aqui comigo, e ninguém fez a cobrança. Que pena!

Quando se exige explicação para condutas rotineiras de um funcionário público, mesmo PMs que não raciocinam, a lógica se inverte. Se o policial, após uma perseguição a marginais, atravessando sinais de trânsito, tem de se explicar, então o que se tem é que ele, antes de qualquer coisa, é um contumaz transgressor da lei, sempre estará comento irregularidades, e não o contrário. E quando tal exigência objetiva surrupiar parte do seu salário, torna-se verdade, pela lógica, que o topo do comando é igual a eles, ou seja, todos são transgressores até prova em contrário.Fonte O Dia.

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