sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Advogado de Cerveró é preso no Rio

  Ele é acusado de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato junto com o senador Delcídio        Amaral (PT-MS)            

O advogado Edson Ribeiro, da defesa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, foi preso nesta sexta-feira no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele é acusado de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato junto com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que foi detido pela Polícia Federal (PF) nesta semana.

O advogado era monitorado por policiais americanos desde a quarta-feira (25), quando o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu ordens de prisão contra ele, Delcídio, um assessor e o banqueiro André Esteves.

Na quinta-feira, foi feita a inclusão do nome de Ribeiro no alerta vermelho da Interpol. A foto e nome do advogado já constavam no site da instituição na manhã de quinta.

Os Estados Unidos chegaram a cancelar o visto concedido a Ribeiro -medida padrão adotada pelo governo americano em casos de brasileiros contra os quais há mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira.

Ele, no entanto, adquiriu uma passagem de Miami para o Rio. Um acordo entre a agência de imigração do governo dos EUA e a PF brasileira permitiu que ele embarcasse rumo ao Brasil, onde foi preso nesta manhã ao chegar.

Morador do Rio, o advogado estava nos Estados Unidos desde a semana passada, mas a cidade não foi divulgada pela PF para não atrapalhar sua prisão. Como ele havia viajado antes da ordem de prisão, não era formalmente considerado foragido pela PF.

Áudio

De acordo com áudio captado pelo filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e tornado público na quarta-feira (25), o advogado e o senador discutiram uma forma de retirar Cerveró da prisão por meio de influência política no STF e, depois, retirá-lo do país pelo Paraguai.

Cerveró está preso em Curitiba (PR) por decisão do juiz federal Sergio Moro, responsável pela condução dos processos e inquéritos relativos à Operação Lava-Jato.

Na semana passada, integrantes do grupo de trabalho da Lava-Jato na Procuradoria Geral da República (PGR) receberam um telefonema de outra advogada de Nestor Cerveró, Alessi Brandão. Na conversa, ela contou que havia a gravação da reunião com o senador tentando impedir a delação premiada do ex-diretor.

A gravação fora feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, por estar desconfiado que Edson Ribeiro estaria fazendo um “jogo duplo” : atrapalhando o acordo de delação de seu pai para ganhar dinheiro de um acordo com Delcídio e excluir nomes da delação.

Os procuradores se interessaram pelo material. No mesmo dia, a advogada Alessi Brandão pegou um avião e foi a Brasília encontrá-los, levando a gravação. Chegou por volta das 21h. Conversaram e ouviram a gravação, de uma hora e meia. Naquele dia, o expediente só se encerrou após a meia-noite na PGR.

A conversa havia sido gravada por Bernardo em 4 de novembro, em um quarto de hotel em Brasília. Contou com a presença do advogado Edson Ribeiro, do senador Delcídio e do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, todos alvos de prisão. Antes da reunião, todos guardaram os celulares, para evitar gravações. Mas Bernardo havia levado um aparelho extra para conseguir gravar.

No dia seguinte ao encontro na PGR, procuradores saíram de Brasília e foram até o Rio de Janeiro para obter um depoimento de Bernardo e até Curitiba para ouvir Cerveró. Ambos confirmaram a história.

Depois, os procuradores passaram a preparar os pedidos de prisão.

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