segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NAS PRAIAS DE GUAXINDIBA E SANTA CLARA COMERCIANTES ACUMULAM PREJUÍZOS NO VERÃO





“O inverno não foi dos piores. Por outro lado, o verão, que é tão esperado, preocupa os comerciantes da praia”, disse Maria Cândida, funcionária de um restaurante situado na orla da praia de Santa Clara, em São Francisco de Itabapoana. Ela atribui a falta de movimento a vários fatores, entre eles, falta de investimento do poder público, as condições climáticas e o poder aquisitivo dos moradores e veranistas. Mesmo com tantos desafios, tem empresário que não desanima e aposta na tradição do comércio para manter a fidelidade e amizade dos clientes. Procurada pela equipe de O Diário, na última sexta-feira, por email, a prefeitura de São Francisco não se pronunciou.
É o caso de Luiz Cláudio Florido, conhecido como “Gordo”, que há 27 anos tem uma lanchonete na praia de Guaxindiba. Ele começou com um trailer, foi conquistando a clientela, até fincar a sua atividade econômica em um ponto comercial. Essa história, o “Gordo” lembra com saudade e estampa fotos na parede.
— Vim do Rio de Janeiro para Campos e de Campos para cá. Na virada de ano, a população na praia aumentou muito e acabamos ficando sem água e energia elétrica. Afetou o atendimento, mas a gente não desanima. Nessa trajetória, conquistei clientes fiéis que não deixam o caldo entornar — disse.
Maria Cândida não tem o mesmo otimismo e contabiliza os prejuízos. Segundo ela, o movimento caiu 50% em relação às temporadas anteriores. “Tenho dez anos de casa e moro há 30 anos, em Santa Clara. Nunca vi a praia tão vazia. Nessa época do ano espero melhorar a renda, com a hora extra, mas pelo visto isso não vai acontecer. Temos R$ 20 mil de estoque de bebida e não tem saída”, acrescentou.
Ela atribui a situação à falta de investimento com shows e outros atrativos para movimentar a economia na cidade. Ao mesmo tempo, ela acredita que o retorno seria duvidoso, já que a crise econômica nacional faz com que os veranistas sejam mais racionais na hora de abrir a carteira. “No show da virada o que a gente mais via eram caixas de isopor na multidão. O pessoal está trazendo bebida de casa para economizar. Está difícil pra todo mundo”, lamentou.
Mau tempo também prejudica o movimento na praia
A colega de trabalho de Maria Cândida, Cristina Gama lembrou que no segundo domingo do mês (10) choveu bastante e em 15 minutos foi suficiente para alagar ruas da localidade.
— Os carros passavam e jogavam toda aquela água para o alto. Estamos apreensivos com o que vem por aí — finalizou.
O técnico em meteorologia Carlos Augusto Souto de Alencar já havia associado as variações climáticas na região como resultado do El Niño – fenômeno climático, que é caracterizado pelo aquecimento fora do normal das águas superficiais e subsuperficiais do Oceano Pacífico Equatorial – que este ano deve se igualar ao mais forte já registrado em 1997/1998. O alerta chegou a ser emitido pela agência espacial norte-americana, Nasa.
— As mudanças climáticas globais sempre geram condições extremas — informou o especialista.
No Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também confirmou que o fenômeno este ano está mais intenso que o normal. Enquanto a Região Sul sofre com fortes chuvas e tempestades de granizo, moradores da região central do país buscam formas de se proteger do sol, enfrentar as altas temperaturas e a baixa umidade.
Sobre a falta de investimento nas praias da região, a Prefeitura de SFI foi contatada, mas até o fechamento desta edição não havia se posicionado.

O Diário

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